Na verdade, muitos sabem que se trata de um número simbólico, representando as doze tribos de Israel. A mensagem nesse caso é: “Jesus veio para liderar o povo inteiro rumo a uma nova terra prometida, onde haja paz na justiça”. Daí a escolha de doze homens, porque na época a liderança e a autoridade sobre muitos era reconhecida somente aos homens.
Mas, ao ler com atenção, descobrimos que no Evangelho os encontros mais profundos e verdadeiros de Jesus são com mulheres. Admiramos a quantidade de mulheres com que Cristo dialoga, partilha, até aprende e fortalece sua fé!
A visita de Jesus na casa de Marta e Maria é um exemplo desses encontros: aquela casa, pequena igreja doméstica, é também profecia de uma “igreja mais mulher”, de uma sociedade do rosto feminino. De fato, mas ainda não de direito, a sociedade e a igreja são regidas por mulheres.
Quanto ainda podem crescer as instituições e pequenas comunidades se valorizarmos oficialmente a riqueza da contribuição da mulher! Ela carrega em si esse dúplice dom, bem simbolizado por Marta e Maria: de um lado, o cuidado, trabalho e esforço para acolher e promover a vida; do outro, a sensibilidade e a ternura da escuta e do diálogo.
Temos a tendência de ler esse evangelho em chave de competição: entre Marta e Maria, quem ganhou a atenção de Jesus? Quem fez mais certo, quem tem razão?
É incrível quanto a competição tomou conta de nossa vida... É comum encontrar no povo e dentro de nós pensamentos como esses: “Senhor, meu Deus, não está vendo quanto eu sou fiel e prestativo? Bem mais do que outros!”; “Como é que meu patrão não enxerga o destaque de meu trabalho sobre os outros?!”
Essa competição e conflito ressoam também no profundo do ânimo da gente: fazemos e corremos muito, mas uma parte de nós sente falta da escuta e de tempo para dedicar a uma longa conversa com os amigos. Em outros momentos paramos e permanecemos com os outros, mas logo sentimos urgência de agir, fazer acontecer as coisas, não deixar que a vida passe sem nossa contribuição...
Onde está o equilíbrio? O que vale mais de tudo na vida?
“Uma só coisa é necessária”, diz Jesus. É a relação, a atenção à pessoa.
Pode fazer o que quiser, pode ter uma tendência mais ao ativismo e à praticidade, ou à escuta paciente e amorosa. Mas nunca falte em tua vida o cuidado para com as relações.
Marta fez muito bem, saiu de casa em busca de Jesus, o convidou a entrar... mas depois esqueceu-se dele. Maria, ao contrário, não se preocupou em buscar o Senhor, mas uma vez entrado permaneceu ao lado dele. O protagonista desse trecho de evangelho, portanto, é a atenção à pessoa.
Esse é o “patrimônio da humanidade” que o nordeste do Brasil oferece também aos missionários estrangeiros: mais do que ensinar, temos muito a aprender desse tesouro de relações humanas e acolhida, Palavra de Deus encarnada no ser das mulheres!
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