Vida e Missão neste chão

Uma vida em Açailândia (MA), agora itinerante por todo o Brasil...
Tentando assumir os desafios e os sonhos das pessoas e da natureza que geme nas dores de um parto. Esse blog para partilhar a caminhada e levantar perguntas: o que significa missão hoje? Onde mora Deus?
Vamos dialogar sobre isso. Forte abraço!
E-mail: padredario@gmail.com; Twitter:
@dariocombo; Foto: Marcelo Cruz

domenica 11 aprile 2021

Seu João Luís

Seu João Luís não faltava nunca.
Tinha uma sensibilidade incrível por todas as causas populares: quer que fossem reivindicações no seu bairro do Jacu, pautas sobre os direitos das pessoas com deficiência, ou lutas por mais transparência na administração municipal. 

Havia uma marcha das crianças e adolescentes contra a exploração sexual? Seu João estava lá.
Era uma formação na Paróquia, sobre o compromisso social da Igreja? Seu João na primeira fila.
Uma iniciativa do Centro de Defesa da Vida e dos Direitos Humanos? Contem com o seu João!
Participava quase sempre das sessões da Câmara Municipal, acompanhava as mais diversas pautas. Teimoso, presente, exigente: os direitos humanos se defendem assim!
Mas seu João o fazia sempre de um jeito singelo: com seu sorriso de pessoa simples, aquela bolsa de pano no ombro e seu caderno de anotações. Capaz de conversar, com o mesmo respeito, junto ao prefeito, ou dando tempo e atenção a uma criança ou às pessoas na rua... 

Aposto que também estava se empenhando muito para ajudar as famílias atingidas pela pandemia.
Tanto ele como sua esposa não sobreviveram à Covid, a distância de pouco tempo um da outra. Junto com a dor por mais essa perda inestimável, vem a indignação por como a pandemia está sendo tratada nesse Brasil. 

Quantas mortes ainda deveremos chorar, antes que se tomem medidas rigorosas, unificadas em nível federal, respeitosas das recomendações da ciência e da experiência dos outros países?
Seu João nos acompanhe em nossa reivindicação por vacinas já, em defesa do SUS e de um auxílio emergencial digno até o fim da pandemia!

João Luís não faltava nunca. Agora, fará muita falta...

giovedì 1 aprile 2021

Sinais de Ressurreição


De portas fechadas, com medo, preparando perfumes para tantas pessoas que tivemos que sepultar nesses longos meses de agonia: é uma Páscoa com sabor de morte, impotência e raiva.
Apertamo-nos ainda mais ao Pai: que passe esse cálice amargo, que tuas mãos sustentem nosso espírito frágil...
A Palavra de Deus, na Quinta-feira Santa, ilumina e nos dá uma tríplice missão.
Fazer memória é servir. Lavar os pés de quem nem consegue mais se agachar para cuidar de si, por falta de oxigênio, de comida ou de esperança.
Fazer memória é celebrar. Nunca esquecer que o Filho de Deus foi até as últimas consequências de suas palavras de amor radical. Seu corpo nos congrega, nos dá força, nos espera nos corpos de tantos outros filhos e filhas de Deus feridos.
Fazer memória é libertar. Manter-se de pé, cingidos, prontos a caminhar. Há uma Páscoa a preparar. “Uma libertação sangra por dentro de mim”, dizia o mártir pe. Ezequiel.
Obrigado, Pai, por todos os cuidadores-as que nesses meses estão servindo a vida, com paixão, teimosia, no silêncio invisível das casas e dos hospitais. São sinais de Ressurreição!
Obrigado, Pai, pela Igreja que celebra seu compromisso com a vida, pela Campanha da Fraternidade que encarna o Evangelho, pelas comunidades e famílias que não desistiram de se encontrarem em oração. São sinais de Ressurreição!
Obrigado, Pai, pelos profetas que ainda têm coragem de denunciar, exigir respeito pela vida e a democracia, apontar caminhos de justiça, paz e cuidado de toda a Criação. São sinais de Ressurreição!