Vida e Missão neste chão

Uma vida em Açailândia (MA), agora itinerante por todo o Brasil...
Tentando assumir os desafios e os sonhos das pessoas e da natureza que geme nas dores de um parto. Esse blog para partilhar a caminhada e levantar perguntas: o que significa missão hoje? Onde mora Deus?
Vamos dialogar sobre isso. Forte abraço!
E-mail: padredario@gmail.com; Twitter:
@dariocombo; Foto: Marcelo Cruz

domenica 28 settembre 2014

Apoiando a luta quilombola

Trinta e cinco comunidades quilombolas, na região de Itapecuru Mirim (MA), levantaram a voz.
De forma organizada, nãoviolenta, firme, com a pujança dos tambores e o vínculo da raça.
Reivindicam o reconhecimento e a titulação de suas terras, frente à indiferença e à burocracia dos órgãos públicos e contra os grandes projetos extrativistas que invadiram suas vidas.

Mais de trezentas pessoas ocuparam por cinco longos dias a Estrada de Ferro Carajás, em concessão à mineradora Vale que escoa por ela 300 mil toneladas de minério de ferro por dia, através de terras quilombolas, indígenas e dos agricultores familiares.
Alguns quilombolas amarraram-se aos trilhos e entraram em greve de fome, até as comunidades serem recebidas por autoridades federais, “porque estamos cansados das promessas vazias e nunca cumpridas pelo INCRA do Maranhão”.
Escreveram, ao longo dos trilhos, “Nem mineração, nem agronegócio: terra para a vida”.

Denunciam “um processo de extermínio” contra as comunidades negras do estado, seja por causa de vários assassinatos de lideranças, como por despejos, invasões de suas terras ou grandes projetos de investimento sem que haja consulta prévia, livre e informada dos moradores nos territórios.

No quinto dia, os manifestantes conseguiram o primeiro objetivo de sua ainda longa luta: representantes da Secretaria Especial da Presidência e do INCRA de Brasília foram negociar com eles, debaixo das mangueiras de Santa Rosa dos Pretos, terra consagrada pela resistência quilombola.

A rede Justiça nos Trilhos, da qual os missionários combonianos são membros fundadores, esteve ao lado das comunidades quilombolas o tempo todo e continuará acompanhando suas reivindicações (maiores informações aqui).

O terreiro de Santa Rosa vibra pelo orgulho negro que mais uma vez mostra sua força e organização. As mulheres quilombolas lembram as profetizas da história do Êxodo, que pegaram os tambores “formando coros de dança” e proclamando “Javé é minha força e meu canto, ele atirou no mar carros e cavalos”.

No encontro das crenças, na noite de São Cosme e Damião, se reafirmam a vida e a autoridade dos pobres que exigem justiça. 


(fotos: Marcelo Cruz)