Vida e Missão neste chão

Uma vida em Açailândia (MA), agora itinerante por todo o Brasil...
Tentando assumir os desafios e os sonhos das pessoas e da natureza que geme nas dores de um parto. Esse blog para partilhar a caminhada e levantar perguntas: o que significa missão hoje? Onde mora Deus?
Vamos dialogar sobre isso. Forte abraço!
E-mail: padredario@gmail.com; Twitter:
@dariocombo; Foto: Marcelo Cruz

sabato 23 maggio 2015

Missão e Direitos Humanos

“Eu já lhe ensinei, ser humano, o que é bom e o que o Senhor lhe pede: simplesmente que respeite o direito, ame a fidelidade e, assim, caminhe humildemente com o seu Deus” (Mi 6,8).

Uma das prioridades de nosso compromisso comboniano no Brasil é evangelizar defendendo os direitos humanos nas periferias urbanas. 
Em diversas cidades do País temos contribuído à fundação de Centros de Defesa dos Direitos Humanos ou de grupos humanos específicos (crianças e adolescentes, pessoas encarceradas ou sem teto, vítimas do trabalho em condições próximas à escravidão).

Ainda hoje continuamos fazendo parte de Conselhos Municipais ou Estaduais de Defesa dos Direitos e nos comprometemos junto às comunidades, etnias e povos indígenas que denunciam violações de direitos e reivindicam justiça.

Como missionários, não temos uma competência jurídica específica. Mas promover os direitos não é só papel dos advogados populares, por quanto alguns deles colaborem conosco, demonstrando uma verdadeira vocação missionária.

A Igreja tem um papel decisivo no anúncio e construção de uma sociedade em que a voz de todos seja respeitada, com o papel profético de defender os pequenos e as minorias oprimidas pela lógica do lucro ou do sucesso excludente.

Profeta dos pobres, o bispo dom Pedro Casaldáliga afirma, junto a José Maria Vigil: “Não temos a possibilidade, hoje, de uma revolução social ou econômica. Temos à disposição a Utopia dos Direitos Humanos. Uma realização plena dos Direitos Humanos corresponderia a uma efetiva revolução integral: democrática, socialista, feminista, popular, ecológica”.
O sonho de Deus, seu Reino, sempre teve uma profunda conotação política e hoje pode se construir afirmando e protegendo o direito e a justiça.

O monge brasileiro Marcelo Barros critica: “A sociedade dominante apresenta os Direitos Humanos só como um âmbito de inviolabilidade individual: direitos liberais de ir e vir, comprar e consumir”. Explica, porém, que os Direitos Humanos são comunitários e coletivos, implicam a cura da Mãe Terra e de todos os seres vivos, também eles, de alguma maneira, sujeitos de direitos.

O Evangelho e a vida de Jesus de Nazaré indicam o método irrenunciável de quem promove e defende os direitos humanos: assumir o ponto de vista dos empobrecidos e oprimidos, não substitui-los nem dirigir suas lutas, mas apoiar seu protagonismo, suas reivindicações.

Essa vocação cabe só a poucos missionários que, por paixão ou obrigação de responder ao drama dos grupos humanos que acompanham, mergulharam e se especializaram em algum campo dos Direitos Humanos? Absolutamente não: é um desafio e uma missão da Igreja inteira.

Nossa maneira de celebrar e compreender o Evangelho, nosso empenho na educação cristã e popular, a catequese, a escolha das pessoas que visitamos e dos encontros a que participamos, o silêncio ou o posicionamento em defesa dos pobres e das vítimas, nossa presença ou ausência aos eventos públicos nas cidades, bairros ou povoados em que trabalhamos, tudo expressa o interesse e demostra o potencial da Igreja e dos missionários em defender a vida.

A animação missionária a que somos chamados é isso mesmo: ajudar as igrejas de hoje a sair de si mesmas e compreender que a missão que Jesus assumiu e nos entregou é “Evangelizar os pobres, anunciar libertação aos presos e a vista aos cegos, libertar os oprimidos, proclamar o Ano da Graça do Senhor” (Lc 4).

A missão, assim, pode contribuir à promoção de uma ética global, no encontro das diversas espiritualidades e confissões, no diálogo entre os povos, sempre a partir dos pobres.