Vida e Missão neste chão

Uma vida em Açailândia (MA), agora itinerante por todo o Brasil...
Tentando assumir os desafios e os sonhos das pessoas e da natureza que geme nas dores de um parto. Esse blog para partilhar a caminhada e levantar perguntas: o que significa missão hoje? Onde mora Deus?
Vamos dialogar sobre isso. Forte abraço!
E-mail: padredario@gmail.com; Twitter:
@dariocombo; Foto: Marcelo Cruz

venerdì 25 maggio 2018

Pão e circo e violência

Os antigos romanos garantiam o controle e a submissão da população aos governos através de pão e circo: migalhas de benefícios pontuais para criar dependência de quem detém o poder; diversão para distrair e desviar o debate sobre os verdadeiros problemas.

Mais recentemente, outra tática foi adotada pelos poderosos: gerar medo, criar um inimigo comum, mesmo se inexistente, para catalisar as forças e a insatisfação do povo sobre algo que não seja quem controla as regras do jogo.
Nesses últimos meses, a política no Brasil se fez cada vez mais violenta: desde a concentração de forças para o impeachment da presidenta Dilma e a prisão do ex-presidente Lula, até o assassinato da vereadora Marielle Franco e seu motorista Anderson e o atentado com armas de fogo ao acampamento dos movimentos sociais em Curitiba.

É legítima e muito importante a disputa de ideias e visões políticas, mas está sendo extrapolado o limite do respeito da vida e das regras mínimas do jogo democrático.
O poder judiciário poder estar prendendo a democracia.
O vínculo entre política e violência está se reforçando brutalmente. “O modo violento de se viver em sociedade no Brasil se dá por causa de alguns grupos que, ao tentar manter a atual ordem estabelecida, acabam tornando alguns modelos fixos e sem alteração” (texto base da Campanha da Fraternidade 2018, n. 58).
Em outras palavras, a violência é consequência de uma política voltada a defender os privilégios de poucos em detrimento dos direitos dos mais fracos na sociedade.

 “Existem hoje no Congresso Nacional parlamentares identificados com segmentos econômicos e sociais fortemente interessados em propostas potencialmente geradoras de violência. Defendem o uso de armas de fogo pela população civil, sustentando tratar-se de um direito natural, ou da autopreservação” (CF n. 60).
Quando a violência se afirma como prática corriqueira do poder executivo, legislativo e judiciário, um vírus começa a tomar posse também das relações sociais cotidianas.
“Os discursos e atos de intolerância, de ódio e de violência, tanto nas redes sociais como em manifestações públicas, revelam uma polarização e uma radicalização que produzem posturas antidemocráticas, fechadas a toda possibilidade de diálogo e conciliação” (Mensagem da CNBB sobre as próximas eleições políticas, abril 2018).

Mais do que nunca precisamos encarnar o Evangelho da não-violência: rever nossas posturas cotidianas, reeducar-nos ao diálogo e ao respeito das regras, desmascarar os interesses de quem está alimentando a violência, identificar pessoas e projetos políticos construtivos fundados sobre a redução da desigualdade e a inclusão dos marginalizados.
Esse é o caminho que Maria, padroeira do Brasil, aponta quando sonha dispersar os soberbos, derrubar os poderosos e saciar a fome de pão e justiça dos pobres.