Vida e Missão neste chão

Uma vida em Açailândia (MA), agora itinerante por todo o Brasil...
Tentando assumir os desafios e os sonhos das pessoas e da natureza que geme nas dores de um parto. Esse blog para partilhar a caminhada e levantar perguntas: o que significa missão hoje? Onde mora Deus?
Vamos dialogar sobre isso. Forte abraço!
E-mail: padredario@gmail.com; Twitter:
@dariocombo; Foto: Marcelo Cruz

mercoledì 12 febbraio 2020

De coração aberto e a plenos pulmões


Recebemos a Exortação Apostólica Querida Amazônia de coração aberto e a plenos pulmões.
Sínodo significa "caminhar juntos": é um percurso que vem de longe, iniciado há pelo menos dois anos, escutando milhares de pessoas e comunidades, até convergirmos no Documento Final. O Papa pede que nos comprometamos a lê-lo e aplicá-lo na íntegra.
Este caminho ainda precisa ir longe, porque as pistas que se abrem são audaciosas e de profunda mudança, conversão integral.

Caminhamos com as pernas e a paixão dos mártires: não é por acaso que o documento foi entregue hoje, 12 de fevereiro, quinze anos após o assassinato da defensora da floresta ir. Dorothy Stang.
Papa Francisco escreve não para substituir o documento final, mas oferecendo uma reflexão, uma síntese, quase para nosso coração bater mais forte. Resgata poesia e sonho, bebe à fonte das culturas amazônicas. Beleza e poesia salvarão o mundo!

Uma caminhada bem sinalizada
Com insistência indignada, um ponto fixo que orienta o caminho é a denúncia do modelo predatório e neocolonial que está saqueando a Amazônia. O Papa sabe que esse modelo é hábil em se disfarçar, a ponto de enganar ou seduzir às vezes até alguns membros da Igreja. É preciso clareza e determinação para rejeitá-lo, recuperar e proteger a inspiração e o protagonismo dos povos originais, seus planos de vida, a sabedoria do Bem Viver, a voz forte dos últimos, os direitos e as propostas dos pequenos...

O caminho do Sínodo está entrelaçado com o da Economia de Francisco e Clara (encontro em Assis, em março), com o Pacto Educativo Global convocado pelo Papa em maio, com os muitos grupos que em diferentes partes do mundo, a partir de outubro passado, estão assinando e contextualizando o Pacto das Catacumbas para a Casa Comum.
No Brasil, em exatamente um mês, a REPAM e uma rede de muitas outras organizações lançarão a campanha "A vida por um fio", em defesa de comunidades e líderes ameaçados na defesa de seus territórios.
A rede latino-americana Iglesias y Minería está promovendo a campanha de desinvestimento da mineração, como um passo concreto para as comunidades religiosas se distanciarem da economia predatória.

Ainda faltam alguns companheiros-as
O Sínodo abriu um longo processo, em busca de um maior protagonismo das mulheres na Igreja, mas ainda temos muito a avançar. A Exortação Apostólica oferece algumas propostas, a partir das quais é necessário dar um passo com coragem. Por exemplo, os bispos podem instituir ministérios que garantam autoridade, reconhecimento público e real incidência de mulheres na liderança de comunidades e na Igreja diocesana.
A iniciativa de ordenar padres homens reconhecidos pelas comunidades cristãs em regiões isoladas da Amazônia, mesmo com uma família constituída e estável, permanece como uma decisão da assembléia sinodal, incluída no documento final. O Papa não a retoma, destaca outros pontos da vida, mas ao mesmo tempo indica que a presença pastoral precária exige uma resposta corajosa da Igreja e a identificação de "ministros que possam compreender a partir de dentro a sensibilidade e as culturas
amazónicas". O advérbio de lugar que destaquei é importante.
Toda a Exortação é baseada no pressuposto de uma Igreja encarnada e inculturada, que não pode depender de ministros que lideram, administram e celebram vindo desde fora.
A palavra e a iniciativa, portanto, passam às igrejas locais, para que elas pensem, organizem e proponham ao Papa caminhos viáveis, contextuais, respeitosos e corajosos.
"Não cortemos as asas ao Espírito Santo"!