Recentemente,
durante uma sessão junto à União
Internacional das Superioras Gerais – UISG, Papa Francisco foi
interrogado a respeito da possibilidade de conceder o diaconato permanente
também para as mulheres. O Papa decidiu criar uma comissão para estudar formalmente,
mais uma vez, a possibilidade de diaconisas
na Igreja.
Trata-se
de um tema que já foi enfrentado cerca de 15 anos atrás por uma comissão
teológica internacional, a pedido da Congregação pela Doutrina da Fé, e que
permanece aberto e desafiador. É urgente atualizar a teologia da mulher dentro
da Igreja Católica.
No
Sínodo dos Bispos de 2015, o arcebispo de Quebec Paul-Andre Durocher também
tinha levantado essa questão: “Sempre que possível, mulheres qualificadas
deveriam receber posições mais altas e de tomada de decisão de autoridade
dentro das estruturas da Igreja e novas oportunidades no ministério”.
É bem
verdade, como sempre repete Francisco, que ser membro do clero não é a única
maneira de ser importante na Igreja Católica e que o caminho para diminuir o
poder e o controle dos homens dento da Igreja não é somente o acesso das
mulheres a uma das ordens sagradas.
Por
outro lado, como bem comenta desde os EUA o relevante jornal católico online
Crux, “ver uma mulher ajudando a conduzir a comunidade nas celebrações seria um
simbolismo poderoso”.
Mais
uma vez, Papa Francisco instiga com suas atitudes um debate público e um
discernimento comunitário, que até agora ficava mais facilmente discutido em
círculos restritos e qualificados.
Creio
que nossas práticas pastorais podem valorizar mais o papel e as potencialidades
da mulher, na vida cotidiana das comunidades e na incidência quanto à
organização e institucionalidade da inteira Igreja.
Vejamos,
por exemplo, algumas atenções na liturgia que podem provocar a comunidade a
refletir sobre uma maior inclusão das mulheres, reconhecendo formalmente o
papel que no cotidiano elas assumem, muitas vezes com mais dedicação e fidelidade
que os homens.
Às
vezes, quando celebro a missa, peço que seja uma mulher a proclamar o Evangelho,
em lugar do padre. Creio que isso contribua a retirar da cabeça dos fiéis a percepção
que a Bíblia e sua interpretação é “propriedade do padre”. Valoriza-se, assim,
a figura de Maria que guardava a Palavra e as ações de Jesus no profundo de seu
coração, bem como o primeiro anúncio da Páscoa, que nos veio através das
mulheres.
Nossa
diocese tem trabalhado muito na formação dos Ministros da Palavra. Entre eles,
há muitas mulheres. Uma homilia feita por uma mulher (ainda mais cheia de
sabedoria e experiências de vida quando esposa e mãe) traduz muito
concretamente a Palavra de Deus em Boa Nova para o dia-a-dia de nossas
famílias.
Quando celebro,
costumo pedir no final da missa uma avaliação da missa e da homilia à equipe de
liturgia, prestando particular atenção à opinião das mulheres. Na hora da
consagração, não me sinto bem ao perceber o presbitério vazio, vendo todos os
fiéis lá em baixo, quase como público que assiste à réplica da ceia eucarística.
Faço questão de chamar os Ministros da Liturgia em volta do altar, tentando reconstruir
o máximo possível a dimensão circular da refeição, lembrando que na última ceia
(diferentemente da iconografia tradicional) estavam presentes homens, mulheres
e provavelmente crianças.
A distribuição da Eucaristia, na hora da comunhão, é
feita pelas Ministras da Eucaristia: é importante que elas sejam valorizadas na
liturgia solene da comunidade reunida, que se conecta à liturgia cotidiana de
suas visitas a doentes e idosos, levando o Corpo de Cristo a suas casas.
Muitas
vezes a prática cotidiana da pastoral, da liturgia e da organização da comunidade
em seus conselhos, ministérios e grupos antecipa e provoca decisões formais que
podem se tornar doutrina consolidada.
Vamos
então ensaiar, com criatividade e respeito, práticas que abram novos espaços às
mulheres na Igreja.
O Espírito Santo, Ruah, que também tem gênero feminino, nos
inspire e acompanhe.
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