Por falar a verdade, sempre tive uma certa raiva contra esse verbo: esperar o quê? Mergulhados numa realidade injusta e cinzenta, incomodam a passividade, o conformismo e a adaptação de muitos que pensam entre si “ta bom assim mesmo...”
Gosto muito mais do canto da resistência à ditadura: “Esperar não è saber. Quem sabe faz a hora, não espera acontecer”. Nada a esperar, se quisermos antecipar tempos novos!
Nesse advento/espera, porém... aconteceram muitas coisas. Perdemos um amigo comboniano querido, pe. Franz, por conta de um acidente na estrada. De repente, um acontecimento que desarma e quebra as pernas.
Poucos dias depois, Ilaria e Federico, leigos missionários combonianos de nossa família em Açailândia, revelaram para nós que finalmente, após tanta espera... estão ‘grávidos’! Uma boa notícia desejada há tempo e por muitos.
Há lições que acreditamos conhecer de cor, mas que cada vez precisamos reaprender na pele. A mais importante é que... a vida não nos pertence. E que precisa abrir espaços para deixá-la entrar.
Gosto quando celebramos nas pequenas comunidades do interior: a gente faz uma roda, abre espaço, deixa um vazio no meio de nós, para nos escutar, para permitir que algo novo aconteça em nosso encontro.
O importante está no meio... e no meio não estamos nós. Não está ninguém, só silêncio e espaço.
Ali a vida e Deus acontecem.
Dessa forma estamos vivendo o Natal hoje. Que pe. Franz nos acompanhe e o pequeno(a) de Ilária e Federico cresça com sabor e paixão de Brasil!
Três fotos resumem o que aconteceu nos espaços que soubemos abrir junto a nosso povo:
- a Romaria da Terra e das Águas foi o momento mais intenso, nesse ano, em que celebramos a vida dos pobres e a profecia da igreja ao seu lado
- a ocupação da BR 222 mostrou que vale a pena defender os direitos do povo e com o povo, sem medo nem limites
- uma criança levantada pelo esforço das pequenas e escondidas comunidades rurais alimenta nossa busca de sonhos que não estão fora de nosso alcance
Que Deus e todos nós tenhamos um bom nascimento!
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