Vida e Missão neste chão

Uma vida em Açailândia (MA), agora itinerante por todo o Brasil...
Tentando assumir os desafios e os sonhos das pessoas e da natureza que geme nas dores de um parto. Esse blog para partilhar a caminhada e levantar perguntas: o que significa missão hoje? Onde mora Deus?
Vamos dialogar sobre isso. Forte abraço!
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@dariocombo; Foto: Marcelo Cruz

venerdì 29 ottobre 2010

Vale morrer?

Outubro de 2010. A Vale celebra um lucro histórico: mais de 10 bilhões somente num trimestre.
Nos mesmos dias, morre debaixo das rodas do trem da Vale mais um homem.
Com os seus 74 anos, Joaquim Madeira viu seu filho morrer atropelado pelos vagões carregados de minério e recebeu a mesma condenação, oito anos depois.

Corre, o trem da Vale, sem conhecer obstáculos e sem dar-se conta das vítimas que provoca.
A revolta do povo é grande e em vários casos se faz ação: os moradores do assentamento Palmares, em Parauapebas, gritam contra a morte do companheiro Joaquim e bloqueiam a ferrovia.

Já tinha acontecido em 2007, aproximadamente por um mês: a ferrovia bloqueada deu um prejuízo grande para a empresa, se calculamos que o valor bruto do ferro transportado a cada dia corresponde pelo menos a 20 milhões de reais!
Há perdas e perdas, mas o que não pode acontecer é a interrupção do mercado do ferro, especialmente agora que a Vale aumentou de 253% sua produção.

Outros gritos denunciam: as minas estão estragando nossos povoados (os moradores de Parauapebas bloquearam nesse mês de outubro a estrada de acesso ao projeto de mineração Salobo); a duplicação dos trilhos está devastando Áreas de Preservação Permanente (o Ministério Público Federal entrou com uma ação civil pública a respeito); nossas crianças devem passar debaixo do trem que pára na cidade, para ir até a escola (o padre Denys de Alto Alegre do Pindaré pede com urgência mais uma passarela acima dos trilhos).

A campanha Justiça nos Trilhos apresentou em março de 2010 uma representação contra a gigante da mineração a respeito dos atropelamentos de pessoas ao longo da linha de ferro: “a cada mês uma pessoa, em média, morra atropelada pelos trens operados pela Vale”.

Apesar disso e de muitos outros impactos, a empresa pretende duplicar até 2015 o sistema inteiro (mina, ferrovia e porto): até hoje correm nos trilhos durante um ano 100 milhões de toneladas de minério, a meta nesses poucos anos é chegar a 230 milhões.

Vale a pena morrer ou sofrer em nome do progresso? Quantos atropelamentos, de todos os tipos, deveremos ainda aceitar, antes de exigir um limite a essa fome de ferro e dinheiro?!

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