Há trechos no evangelho (como esse de Mc 13,24ss) que podem amedrontar pela profecia de uma aparente destruição, improvisa, da terra e da vida.
E há pessoas que, tendo assumido mais ou menos conscientemente essa perspectiva, resignam-se: estamos acabando... Nossa cultura -pensam- estragou-se definitivamente, não há mais costumes, a sociedade está indo rumo à autodestruição.
Essas pessoas vivem desapegadas, descomprometidas e desiludidas. Desanimaram-se na luta e perderam todo interesse; ou melhor: ficaram só com seu próprio interesse individual, na lógica que, “se for para acabar mesmo, melhor eu aproveitar logo; os outros que se virem!”
Mas o evangelho é sempre boa notícia, Palavra de esperança. Não proclama o fim do mundo, mas sonha com o fim desse mundo.
Quer dizer, afirma com termos e imagens fortes que há ainda muito em nossas sociedades votado à morte; é urgente mudar, regenerar a realidade.
Jesus nos desafia a interpretarmos com sabedoria os sinais do tempo. Quais são as doenças que enxergamos na realidade de hoje?
Essas doenças, alerta o Senhor, não são para a morte, não são condenação, mas chamado urgente à cura e à transformação.
“Quando os ramos da figueira ficam verdes e as folhas começam a brotar, sabeis que o verão está perto”. Essa é a beleza do evangelho: aproxima a uma profecia carregada de dor e destruição uma imagem tão linda de vida e esperança (brotos, ramos verdes, folhas e verão).
Procurando mais de perto para as doenças de hoje, escuta-se logo o grito sufocado da terra violentada.
Em nossas terras amazônicas, por exemplo, no último ano desmataram-se 7mil Km² de floresta. Há sinais de diminuição, mas ainda acompanhados por ameaças de morte aos defensores dos direitos humanos e ambientais, monoculturas arrasadoras que expulsam a agricultura familiar, impunidade para quem viola as regras (especialmente os mais ricos e poderosos), violência e arrogância policial contra os que clamam pelo direito à terra.
“Haverá grande tribulação, as estrelas começarão a cair do céu”: essas estrelas são muitos companheiros/as, lideranças na luta, que ainda hoje tombam ou fogem por causa da perseguição e por conta de seus teimosos sonhos.
As doenças de hoje não têm terapia imediata. Como não lembrar, porém, o importante encontro de Copenhagen, na Dinamarca? A 15ª Conferência do Clima acontecerá entre os dias 7 e 18 de dezembro e será ocasião de uma leitura atenta dos sinais dos tempos, no esforço coletivo de preservar 'o verão da vida' e permitir aos brotos de continuar a germinar.
Os maiores líderes mundiais vão tentar fechar um acordo que irá substituir em 2012 o Protocolo de Kyoto (compromisso de preservar o meio ambiente firmado entre 84 países).
“Esta geração não passará até que tudo isso aconteça”: realmente há mudanças urgentes, que devemos fazer acontecer agora.
Cabe a nós escolher entre o fim desse mundo... ou o fim do mundo!
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