Vivo em Açailândia, Maranhão. Dizem que é uma terra abençoada pelo desenvolvimento, mas nesses meses de crise nosso povo também está migrando, cada vez mais para oeste. Muitos tentam a sorte em Marabá ou Parauapebas, a casa da Vale.
Estivemos lá para tentar entender porque nosso povo se muda para aquelas regiões, em busca de que, com que sonhos... e que resultados.
Parauapebas cresce a cada três dias, quando chega o trem passageiros da Vale. Das pessoas que descem cada vez, uma média de 40 veio já convencido de ficar, enquanto um número bem maior irá pesquisar e, provavelmente, permanecer.
Assim, a cidade cresce com um ritmo de 22% ao ano, mais do que a China!
Logo um dado esclarece quem foi que chamou todo esse povo: nos últimos 12 meses a Vale gastou R$ 178,8 milhões em publicidade. Uma propaganda que dá orgulho ao Brasil, mas ilusão para muitos sonhadores em busca de trabalho e vida!
Onde é semeado o sonho de quem vem a Parauapebas em busca de futuro? Nos primeiros 10-20 dias o povo fica em casa de amigos ou parentes; logo depois muda para bairros de invasão, nas periferias. Fomos lá: morros enlameados com dezenas de casas penduradas até o próximo inverno, quando com certeza muitas irão cair. Palafitas unidas por pontes de madeira podre, em cima de água parada onde o povo faz também suas necessidades. Poços de água rasa que pescam da mesma fonte onde há descargas...
Há muito dinheiro pelas royalties da Vale nesse município. A administração precisa aplicá-lo com respeito e prioridade absoluta para com esses últimos da terra.
Há muito brilho na imagem da Vale. A empresa precisa se ocupar mais desse povo, que tem mais valor de qualquer minério ou projeto de desenvolvimento.
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