Vida e Missão neste chão

Uma vida em Açailândia (MA), agora itinerante por todo o Brasil...
Tentando assumir os desafios e os sonhos das pessoas e da natureza que geme nas dores de um parto. Esse blog para partilhar a caminhada e levantar perguntas: o que significa missão hoje? Onde mora Deus?
Vamos dialogar sobre isso. Forte abraço!
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@dariocombo; Foto: Marcelo Cruz

sabato 8 gennaio 2022

Por uma Igreja sem mais ouro

Hoje, dia do Batismo do Senhor, no santuário Santa Cruz da Reconciliação celebramos a S. Eucaristia com um cálice e uma patena de madeira (Pau Brasil). É uma tentativa de desprender a Igreja do ouro.

Na Igreja Católica, o ouro é usado nos objetos artísticos, nas decorações e, sobretudo, nos vasos sagrados para a celebração da Eucaristia. Entende-se, com isso, dignificar os símbolos do encontro entre a humanidade que celebra e Deus. Também na cultura bíblica o ouro é associado à realeza e à divindade. Não é assim, hoje, especialmente em América Latina.

O ouro é um dos produtos mais cobiçados durante centenas de anos de colonização, escravidão e saque de nossas terras. Buscando o ouro, milhões de vidas foram sacrificadas e a história de nossa Pátria Grande prejudicada.

Hoje, a extração de ouro avança em escala industrial, com lavagem de dinheiro sujo e violação sistemática da lei, destruindo e ameaçando territórios e comunidades; na Amazônia acontecem os maiores estragos e a mais brutal violência (os exemplos mais recentes são os 20mil garimpeiros em terras Yanomami, provocando conflitos e contaminando os povos pela Covid; as ameaças e violências contra as mulheres Munduruku; a morte de duas crianças Yanomami sugadas pelas dragas de garimpo; as centenas de balsas e dragas em Autazes – Rio Madeira; as grandes quantidades de mercúrio despejadas nos rios).

Também em outros territórios a extração do ouro é sempre ligada a muita violência. Para chegar a um anel de ouro de 10 gramas, é preciso explodir e retirar 20 toneladas de dejetos, utilizar 1,5 Kg de cianeto e 7mil litros de água.

Muito ouro é armazenado em cofres - como reserva de valor ou como joalheria. Já extraímos ouro suficiente da terra e as reservas de ouro da terra são limitadas. No entanto, a mineração de ouro continua aumentando.

Não cremos que, hoje, Deus se sentiria adorado e respeitado pelo uso deste metal “precioso”, cuja extração carrega tantas injustiças.

Ao contrário, os vasos sagrados de madeira nos reconectam ao ciclo da natureza e da semente que morre e dá vida, nos incluem na dimensão cósmica e pulsante da celebração eucarística. Decorados com os grafismos indígenas, nos recordam a encarnação de Jesus em todas as culturas, o respeito que é devido a elas, a reconciliação que somos chamados-as a promover numa história de tamanha exclusão.

Mais de 500 bispos participaram ou subscreveram o Pacto das Catacumbas, durante o Concílio Vaticano II, em 1965. Entre seus compromissos proféticos, diziam: “Para sempre renunciamos à aparência e à realidade da riqueza, especialmente no traje (fazendas ricas, cores berrantes), nas insígnias de matéria preciosa (devem esses signos ser, com efeito, evangélicos). Cf. Mc 6,9; Mt 10,9s; At 3,6. Nem ouro nem prata”.

Também nós, hoje, reassumimos esse compromisso, em nosso jeito de celebrar, viver, sermos solidários-as e promovermos a justiça e a paz.

Leia-se a Introdução geral ao Missal Romano, n. 329, sobre os Vasos sagrados.

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