Vinte e cinco anos se passaram. Padre Josimo defendia o direito à terra de camponeses e famílias. Foi baleado na porta do escritório da CPT, em Imperatriz/MA.
Esse 2011 tinha que ser um ano de memória e repúdio de todo tipo de violência no campo. Somente nessa última semana, porém, quatro pessoas de nossa região norte caíram ao assobio das balas: José Cláudio e Maria do Espírito Santo (mortos no dia 24 de maio em Nova Ipixuna/PA), Herenilton (assassinato na mesma semana, na mesma cidade), Adelino (morto em Vista Alegre/RO, no dia 27 de maio). No mesmo dia, o vice-presidente da associação quilombola Charco sofreu atentado em São Vicente Ferrer/MA, onde em outubro de 2010 outro irmão, Flaviano, tombou.
É a morte dos pequenos, que ninguém conhece, em terras distantes, habitadas pelos pobres e visadas pelos grandes empreendimentos.
Na mesma semana dessas mortes silenciadas, outra morte foi bem-vinda pela maioria do Congresso e instalou-se a todo direito em nosso País. Disfarçadamente entendida como simples ‘amenização’, foi aprovada a proposta de reforma do Código Florestal, que de uma vez legitimou crimes passados e futuros contra nossas Áreas de Preservação Permanente e Reservas Ambientais.
É um atentado à organização popular, que expressou de mil maneiras sua resistência à reforma do Código. Se tiver aprovação definitiva, teríamos mais um exemplo da arrogância violenta do Estado contra o meio ambiente do qual se diz defensor. Assim, nesse mês de maio, o Brasil coleciona uma série vergonhosa e ambígua de posições hostis à preservação ambiental (o conflito sobre Belo Monte com a CIDH é o exemplo mais emblemático).
A morte visitou nosso País duas vezes, nesse mês. Ceifou a vida de vários militantes e institucionalizou-se numa lei que defende, mais uma vez, os interesses do capital.
No pequeno de nossos assentamentos rurais de Açailândia, profundo interior do Maranhão, tentamos porém não perder a esperança. Nos mesmos dias dessa matança, celebramos a Festa da Colheita com centenas de agricultores familiares e amigos/as da cidade.
Escolhemos um lema ousado: “Plantar e Colher uma nova Vida”. Dançamos essa vida com toda a energia que nos sobrou, abastecendo nossa sede de justiça e de futuro ao poço da celebração, da partilha entre as comunidades, da cultura e sabedoria do homem e mulher do campo. Talvez quem estava nem percebeu, mas uma festa dessa é trincheira forte contra a morte que avança.
As comunidades organizadas, conscientes de sua beleza e densidade de vida, são a resistência mais sólida contra quem está querendo instalar ainda mais violência em nossas terras!
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