A paixão não se resume a um tempo particular do ano, como a semana santa, milagrosamente desaparecendo ao chegar o domingo de Páscoa. A paixão é uma atitude permanente do coração.
A página mais bonita do Evangelho que fala de paixão é a narrativa da mulher que entra, com tremor e coragem, na sala dos homens sentados à mesa e quebra o vaso de essência perfumada para ternamente ungir Jesus. A paixão dessa mulher vai muito além de qualquer regra estabelecida, quebra os preconceitos e não se importa com o julgamento dos outros. Não calcula os gastos nem guarda alguma coisa para si.
Esse ícone é símbolo do milagre mais bonito da vida: no nascimento de uma criança a mulher prestes a dar à luz ‘quebra-se’ por dentro para deixar vir ao mundo uma nova pessoa. Fruto da paixão-amor, o milagre da vida exige paixão-sofrimento para se realizar.
Paixão de amor e sofrimento: não dá para distinguir. A criação geme e sofre as dores do parto para que brote uma vida nova. Até Deus sofre a cada dia assumindo o esforço da humanidade para defender a vida.
Donatella, amiga que vive há anos em Belém no meio da violência imposta ao povo da Palestina, sente esse sofrimento na pele. Em Belém, Deus continua a sofrer as dores do parto, tentando renascer “na tristeza de uma noite escura, nas lágrimas das crianças, nas janelas fechadas por medo, na paz que não chega, nas vítimas de ontem, de hoje e de amanhã”.
Donatella é uma das ‘parteiras’ daquela terra: partilha a paixão de Deus para o nascimento da vida a cada dia. Para ela, paixão é não esquecer: “quero manter os olhos bem abertos sobre esse mundo tão humano feito de penumbra e de noite, de amor e de conflitos, de gritos e sorrisos, de lágrimas e de ternura”.
Sermos ‘parteiros’ da vida ainda não nascida: essa é nossa paixão missionária! A vida não vem de graça... É dom de Deus, sim, mas Ele mesmo sofre e luta para que ela brote, seja protegida e se realize em plenitude.
Muitas vezes, nas contradições violentas desse Brasil, sinto o peso da vida que custa a nascer. Há dias que são mais serenos e outros que são como becos sem saída... O importante para mim, como diz Donatella, é não querer esquecer. Carregar permanentemente conosco os anseios e os sofrimentos de muitos, hospedar dentro de nossa existência a existência de muitos outros. Deixar de viver sozinhos.
Quando celebramos a paixão de Deus, fazendo memória na missa, sempre nos lembramos do Cordeiro que ‘tira’ o pecado do mundo. Mas a expressão mais certa seria “Cordeiro de Deus, que carregas o pecado do mundo”. É essa a paixão de Deus: carregar consigo as esperanças e a dores de um mundo que custa a nascer de verdade.
Essa paixão não se resolve como num toque de mágica logo que chega o dia da Páscoa. Ao contrário, nosso tempo é como um permanente sábado de espera, uma longa vigília que existe entre as feridas da morte de sexta-feira e as primeiras luzes do Novo Dia. Entre o amor e o sofrimento, entre a derrota e a ressurreição.
Essa busca e esse desequilíbrio me desafiam... e me apaixonam!
A página mais bonita do Evangelho que fala de paixão é a narrativa da mulher que entra, com tremor e coragem, na sala dos homens sentados à mesa e quebra o vaso de essência perfumada para ternamente ungir Jesus. A paixão dessa mulher vai muito além de qualquer regra estabelecida, quebra os preconceitos e não se importa com o julgamento dos outros. Não calcula os gastos nem guarda alguma coisa para si.
Esse ícone é símbolo do milagre mais bonito da vida: no nascimento de uma criança a mulher prestes a dar à luz ‘quebra-se’ por dentro para deixar vir ao mundo uma nova pessoa. Fruto da paixão-amor, o milagre da vida exige paixão-sofrimento para se realizar.
Paixão de amor e sofrimento: não dá para distinguir. A criação geme e sofre as dores do parto para que brote uma vida nova. Até Deus sofre a cada dia assumindo o esforço da humanidade para defender a vida.
Donatella, amiga que vive há anos em Belém no meio da violência imposta ao povo da Palestina, sente esse sofrimento na pele. Em Belém, Deus continua a sofrer as dores do parto, tentando renascer “na tristeza de uma noite escura, nas lágrimas das crianças, nas janelas fechadas por medo, na paz que não chega, nas vítimas de ontem, de hoje e de amanhã”.
Donatella é uma das ‘parteiras’ daquela terra: partilha a paixão de Deus para o nascimento da vida a cada dia. Para ela, paixão é não esquecer: “quero manter os olhos bem abertos sobre esse mundo tão humano feito de penumbra e de noite, de amor e de conflitos, de gritos e sorrisos, de lágrimas e de ternura”.
Sermos ‘parteiros’ da vida ainda não nascida: essa é nossa paixão missionária! A vida não vem de graça... É dom de Deus, sim, mas Ele mesmo sofre e luta para que ela brote, seja protegida e se realize em plenitude.
Muitas vezes, nas contradições violentas desse Brasil, sinto o peso da vida que custa a nascer. Há dias que são mais serenos e outros que são como becos sem saída... O importante para mim, como diz Donatella, é não querer esquecer. Carregar permanentemente conosco os anseios e os sofrimentos de muitos, hospedar dentro de nossa existência a existência de muitos outros. Deixar de viver sozinhos.
Quando celebramos a paixão de Deus, fazendo memória na missa, sempre nos lembramos do Cordeiro que ‘tira’ o pecado do mundo. Mas a expressão mais certa seria “Cordeiro de Deus, que carregas o pecado do mundo”. É essa a paixão de Deus: carregar consigo as esperanças e a dores de um mundo que custa a nascer de verdade.
Essa paixão não se resolve como num toque de mágica logo que chega o dia da Páscoa. Ao contrário, nosso tempo é como um permanente sábado de espera, uma longa vigília que existe entre as feridas da morte de sexta-feira e as primeiras luzes do Novo Dia. Entre o amor e o sofrimento, entre a derrota e a ressurreição.
Essa busca e esse desequilíbrio me desafiam... e me apaixonam!
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