Festa da Assunção de Maria
No Fórum Social Mundial recebi uma camisa com o rosto de ir. Dorothy; muitas vezes a visto com orgulho no dia-a-dia das relações com o povo. Percebi que também as pessoas mais anônimas, com comentários inesperados, reconhecem o rosto dessa mártir da Amazônia e quase a cumprimentam com palavras de respeito e dignidade.
Dorothy não morreu, é evidente. Como pode morrer um sinal de esperança, uma companheira de luta? O povo não deixa!
Maria é modelo de todas essas mulheres e testemunhas.
Em Maria, Deus nos garante que a vida faz sentido até através da morte... e que realmente quem vive por Deus nunca morrerá. A assunção é isso: garantia que a gente não morre!
Por que Maria, Dorothy, Margarida e muitas mártires e testemunhas não morreram? É a pergunta mais importante, pois cabe a nós também tentar imitá-las.
Não morreram porque foram pessoas grávidas. Essa é a mensagem do evangelho: quem for grávido de vida não vai morrer nunca.
As leituras desse domingo confirmam: “Apareceu uma mulher vestida como o sol, estava grávida e gritava entre as dores do parto” (Ap 11).
“Isabel exclamou com um grande grito: a criança saltou de alegria no meu ventre” (Lc 1)
Há perfume de gravidez nesses breves trechos, vibração de vida em contínua concepção.
Entre nós também podemos distinguir pessoas estéreis, que vivem somente por si, e pessoas grávidas, que procuram a cada dia conceber novas formas de vida na rede de suas relações.
Somos grávidos quando damos espaço à criatividade, à intuição, à busca de alternativas para que o povo possa crescer e viver dignamente.
Somos grávidos quando vivemos inquietos, preocupados para que vença a vida, fincados na opção fundamental da defesa dos pequenos. Os grávidos não vão morrer, Deus a cada dia os 'assume' na sua mesma opção pela vida.
E Maria, com seu canto, vai além: “Doravante todas as gerações”, entoa. Doravante ela sente de não poder viver mais sozinha: dentro dela vivem gerações de pessoas; Maria se sente mãe de todos os viventes, e o grito de seu parto é o canto dos humilhados, dos famintos, dos humildes.
Maria é mulher-povo que ensaia, em comunhão com todos os sonhadores de vida, o grito de muitas ressurreições cotidianas, feitas de resistência, de esperança, de pequenos nascimentos e de corações grávidos.
Assim nós desde já podemos fazer experiência de 'assunção': Deus que nos assume em si, nos confirma, garante que a vida vai bem além de nossa pequena existência.
Nós também podemos aprender, com Maria, a hospedar gerações dentro de nós. Há pessoas que vivem sozinhas consigo mesmas, e essas morrem logo. Há outras que acolhem dentro de si muita gente: sentem em todo momento a preocupação e o cuidado para com a vida de outros. Logo que conhecem um grupo ou uma situação, assumem seus anseios e lutas, convivem com a história dos demais, nelas existe um 'nós' rico e plural. Essas pessoas sobrevivem à sua própria morte. Desde já, com Maria, nos mostram que a vida é maior de nosso eu.
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