Sou um missionário que gosta de trabalhar.
Ao meu ver (talvez seja a cultura europeia) o trabalho traz frutos; o próprio evangelho desse domingo o confirma: “Vos designei para irdes e para que produzais fruto”.
Nisso, há muito tempo, reponho minha confiança e minhas expectativas de felicidade: poder olhar para atrás e reconhecer tudo que fiz de bom... e me satisfazer disso.
Qual o perigo? Acreditar que somos nós os protagonistas de tudo e repor nossa alegria na expectativa dos resultados.
Produzir resultados, encher nossa mochila de avanços e conquistas: a cultura de hoje premia quem consegue mais frutos. As grandes empresas têm sucesso e crescem em suas cotações quando continuam aumentando sua margem de lucro, mas raramente isso promove integralmente o bem e a vida do povo. Juízes e promotores são avaliados em base à sua 'produtividade', e nem sempre isso coincide com o 'fazer justiça'.
O que é que vale, então? Qual é o fruto que não apodrece e que garante a verdadeira alegria?
Pra que gastar toda uma vida?
O evangelho de João (15) vai fundo na pergunta mais importante de nossa vida: Jesus está pronunciando o discurso de despedida para seus discípulos e com a imagem da videira vai em busca daquilo que dá sentido profundo à existência.
Usa um verbo que hoje em dia não está mais na moda: permanecer.
A correria de hoje, os inúmeros estímulos, o brilho da propaganda, a rapidez das provocações, os sentimentos inconstantes, a insatisfação contínua que precisa ser saciada imediatamente são todas situações que não sabem conjugar o verbo 'permanecer': até no amor o verbo 'ficar' chegou a ter prazo de máximo uma ou duas semanas!
Permanecer no amor é tentar assumir a cada dia os sentimentos de Deus; mais que do fruto, preocupar-se de seu amadurecimento na ternura; antes dos resultados, assumir o compromisso de trabalhar amando.
Esse missionário que escreve ainda deve aprender muito do estilo de Jesus.
Bem antes de absolutizar o trabalho, os frutos e resultados, elijo hoje como máxima de minha vida a passagem do livro de Miquéias (6,8), coração da existência cristã e seiva que corre nos ramos da videira que é nossa vida:
“Caminhar humildemente na história com Deus, praticando a justiça e amando com ternura”
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